Entenda as 5 fases do luto: da negação à aceitação

Entenda as 5 fases do luto: da negação à aceitação

O luto é um processo doloroso que envolve a perda de um ente querido ou de algo importante em nossa vida. Embora seja uma experiência universal, a forma como cada pessoa lida com o luto é única e individual. Nesse sentido, é importante compreender as fases do luto e como elas afetam a vida da pessoa enlutada.

Fase 1: Negação e Isolamento

A fase de negação e isolamento é a primeira etapa do processo de luto, que geralmente ocorre logo após a perda de um ente querido. Nessa fase, a pessoa pode se sentir em estado de choque e ter dificuldade em aceitar a realidade da perda.

É comum que a pessoa sinta uma sensação de irrealidade e negue que a perda tenha ocorrido. Ela pode se comportar como se o ente querido ainda estivesse vivo, esperando que ele volte ou que tudo volte ao normal.

O isolamento também pode ser uma característica dessa fase, onde a pessoa pode se afastar de amigos e familiares, evitando contato social e se concentrando apenas em sua dor.

Para a psicanálise, a negação é um mecanismo de defesa que permite à pessoa afastar a dor do luto e proteger sua psique. Na terapia psicanalítica, o analista pode ajudar o paciente a compreender e elaborar os sentimentos que surgem nessa fase do luto, possibilitando uma maior aceitação da realidade da perda.

É importante lembrar que cada pessoa vivencia o luto de forma única e não há um tempo determinado para a duração de cada fase. O importante é permitir-se vivenciar todas as fases e buscar ajuda profissional quando necessário para elaborar e superar a perda.

Fase 2: Raiva

A segunda fase do luto é a fase da raiva. Nesse momento, a pessoa pode experimentar sentimentos intensos de raiva em relação à perda e a diversas outras coisas, como Deus, o ente querido que morreu, os médicos, o sistema de saúde, e até mesmo a si mesma. Essa raiva pode ser expressa de diferentes maneiras, como gritando, chorando, jogando objetos, se isolando, ou até mesmo em comportamentos autodestrutivos, como abuso de álcool ou drogas.

A raiva pode parecer inapropriada para algumas pessoas, especialmente aquelas que foram ensinadas a controlar suas emoções ou acreditam que a raiva é uma emoção negativa. No entanto, na psicanálise, a raiva é vista como um mecanismo de defesa que surge como uma forma de proteger o ego da dor da perda. Ao expressar a raiva, a pessoa pode sentir que está tomando uma atitude contra o que aconteceu, o que pode ajudar a lidar com a sensação de impotência e desamparo que o luto pode trazer.

Na terapia psicanalítica, o analista pode ajudar o paciente a compreender as causas da sua raiva e a elaborá-la de forma mais saudável. Isso pode envolver a exploração das crenças e valores pessoais da pessoa, bem como a identificação de outras emoções subjacentes que possam estar influenciando a raiva, como culpa ou tristeza. O objetivo é ajudar a pessoa a lidar com a raiva de forma mais construtiva, para que ela possa progredir em direção às fases posteriores do luto.

Fase 3: Barganha

Na terceira fase do luto, conhecida como barganha, a pessoa tenta negociar com Deus, com a vida ou com a própria consciência para que a perda seja revertida ou amenizada. Essa fase pode ser caracterizada por uma série de “e se…” ou “se apenas…” que a pessoa pode se questionar, tentando imaginar diferentes cenários em que a perda não tenha ocorrido ou tenha sido diferente.

A barganha é uma tentativa de manter a ilusão de que a pessoa tem controle sobre a situação, mesmo diante de uma perda irreversível. Pode ser uma forma de evitar a dor do luto e a realidade da perda. Essa fase pode se manifestar de diferentes maneiras, como promessas, orações ou mesmo a realização de ações simbólicas em troca da reversão ou amenização da perda.

Na terapia psicanalítica, o psicanalista pode ajudar o paciente a compreender as causas de sua necessidade de barganhar e a lidar com a realidade da perda. É importante compreender que a barganha faz parte do processo de aceitação da perda e pode ajudar a pessoa a elaborar sua dor de forma mais saudável, desde que não se torne um mecanismo de defesa prolongado e prejudicial. O psicanalista pode auxiliar o paciente a compreender que a perda é irreversível e a buscar maneiras de lidar com a dor, sem negá-la ou tentar controlá-la.

Fase 4: Depressão

A quarta fase do luto é caracterizada pela depressão. Nessa fase, a pessoa começa a compreender a realidade da perda e a sentir a dor de forma mais profunda. É comum que a pessoa sinta tristeza, desesperança, desânimo, falta de energia e perda de interesse pelas atividades que antes lhe traziam prazer.

Para a psicanálise, a depressão é um mecanismo de defesa que permite à pessoa elaborar a perda e começar a se desligar do ente querido que morreu. Na terapia psicanalítica, o analista pode ajudar o paciente a compreender as causas da sua depressão e a elaborá-la de forma mais saudável, permitindo que a pessoa se abra para a possibilidade de um futuro sem o ente querido.

É importante ressaltar que a depressão no luto é uma reação natural e saudável, desde que não se prolongue de forma excessiva. Se a pessoa sentir que a sua depressão está afetando sua vida de forma significativa, é importante buscar ajuda profissional. A terapia pode ser uma forma eficaz de lidar com a depressão no luto, permitindo que a pessoa expresse suas emoções e pensamentos de forma segura e saudável.

Fase 5: Aceitação

A fase final do luto é a aceitação. Nessa fase, a pessoa começa a aceitar a realidade da perda e a lidar de forma mais adaptativa com a ausência do ente querido. É importante destacar que aceitação não significa esquecimento ou que a pessoa não sinta mais dor, mas sim que ela é capaz de integrar a perda em sua vida e seguir em frente.

Na terapia psicanalítica, o analista pode ajudar o paciente a elaborar a sua dor de forma mais saudável, permitindo que a pessoa comece a perceber que é possível continuar vivendo mesmo após a perda. Nesse processo, a pessoa pode encontrar um novo sentido para a vida e reconstruir suas relações com o mundo à sua volta.

A fase de aceitação não significa que o luto está completamente superado, e a pessoa pode experimentar momentos de tristeza ou saudade. No entanto, a aceitação é um importante passo rumo à recuperação, permitindo que a pessoa comece a se reconectar com a vida e seguir em frente, honrando a memória do ente querido que se foi.

Conclusão:

O processo de luto é um processo complexo que envolve diferentes fases e emoções. É importante compreender que cada pessoa vive o luto de maneira única e que não há um tempo determinado para se passar por todas as fases. A terapia psicanalítica pode ser uma importante aliada no processo de elaboração do luto, auxiliando o paciente a compreender e expressar suas emoções e pensamentos e a lidar com a realidade da perda.

“Não há uma receita pronta para lidar com o luto, mas é importante lembrar que não estamos sozinhos nesse processo. A terapia psicanalítica pode oferecer um espaço de acolhimento e reflexão para que possamos elaborar a nossa dor e encontrar novos caminhos para seguir em frente.”

Open chat
1
Precisa de Ajuda?
Olá👋
Em que posso te ajudar hoje?
Share via
Copy link